Paróquia de

São Mateus Moreira

Arquidioce de Natal

Zonal III

A mística da mesa e a espiritualidade da semente

Conheça o projeto pastoral da paróquia São Mateus Moreira

Redação
publicado em 31/08/2013 22:26, atualizado em: 05/12/2018 12:54

A estrutura paroquial é frequentemente observada sob dois modelos: o Piramidal e o Rede de comunidades. O primeiro (Piramidal), centraliza a organização e a ação pastoral da paróquia na matriz e em um número reduzido de lideranças, que pode se limitar ao padre ou à equipe comandada pelo padre. Nesse modelo, as comunidades são periféricas, porque são vistas como anexos do centro (matriz), e os fiéis são conduzidos a colaborar (não a participar) no trabalho dirigido pelo padre ou pela sua equipe. O segundo modelo (Rede de comunidades), dinamiza a vida paroquial por meio da organização de cada comunidade, incluindo a comunidade–matriz, e da participação de todos em um projeto pastoral pensado e planejado pelos que compõem as diferentes comunidades. O modelo piramidal tem como palavras–chave a centralização e a colaboração (as pessoas não participam, mas colaboram no trabalho idealizado por outros); o modelo rede de comunidades tem como elementos–chave a comunhão e a participação.


A Paróquia São Mateus Moreira, do III Zonal da Arquidiocese de Natal, orienta–se pelo modelo Rede de Comunidades e se inspira em dois símbolos na realização da sua atividade pastoral e missionária, a saber: a mística da mesa e a espiritualidade da semente.



1. A mística da mesa


No início da sua ação Jesus convidou alguns homens para se unirem a ele na missão (Mc 1,12s). Inicialmente, Jesus formou o grupo dos Doze (Mt 10,1-4) e, mais tarde, o grupo dos Setenta e dois discípulos, certamente incluindo algumas mulheres que o seguiam (Lc 10, 1-12). Essas são as primeiras comunidades cristãs. Frente à formação e à multiplicação de novas comunidades, já após a morte e a ressurreição de Jesus, os primeiros cristãos adotam a Trindade como fundamento e modelo inspirador: “Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos.” (1 Cor 10,4-6).


Inspirada na experiência dos primeiros cristãos, a Paróquia São Mateus Moreira opta pelo modelo Rede de comunidades porque acredita que é o que mais se aproxima do ideal trinitário de comunhão e de participação.


No modelo Rede de comunidades tudo é dividido e descentralizado. Todos compartilham dos mesmos desafios, necessidades, inquietações, sonhos e alegrias. As pessoas participam do trabalho que é idealizado por elas mesmas. Cultiva–se e prioriza–se o espírito de equipe. Na Paróquia Rede de comunidades as coisas não aparecem prontas. Elas são esboçadas e amadurecidas paulatinamente e realizadas em conjunto. É fundamental a escuta, o diálogo e a troca de pontos de vista e de experiências. As pessoas aprendem umas com as outras. Comunhão e participação são os sentimentos que regulam a ação das pessoas e o coração dos vários espaços paroquiais.


Para as culturas por nós conhecidas e para as pessoas que compartilham suas vidas a mesa é lugar de encontro, de partilha, de trabalho, de celebração, de festa, de comunhão e de amizade. Por isso, a mesa se tornou um símbolo relevante e precioso na vida da nossa paróquia. É nessa perspectiva que entendemos a mística da mesa.


Nossa paróquia está dividida em quatro comunidades (Nossa Senhora de Nazaré, Santa Teresinha, Nossa Senhora de Fátima e Jesus Menino) e cada comunidade divide–se em quatro quadras (Q1, Q2, Q3 e Q4). Por sua vez, cada quadra tem suas pastorais, serviços, grupos e movimentos. Pensamos nessa subdivisão para facilitar e promover a participação do maior número possível de pessoas, e tudo acontece em forma de rodízio. Por exemplo, a vida litúrgica da nossa paróquia organiza–se em quatro momentos celebrativos: sábado à noite, domingo pela manhã, domingo à tarde e domingo à noite. Cada um desses momentos é assumido por uma comunidade e cada quadra dessa comunidade assume uma semana por mês. Esse revezamento acontece a cada Advento


CelebraçãoComunidade Quadra Semana
Sábado noiteComunidade Jesus MeninoQuadra I
Quadra II
Quadra III
Quadra IV
Primeira semana do mês
Segunda semana do mês
Terceira semana do mês
Quarta semana do mês
Domingo manhãComunidade Santa TeresinhaQuadra I
Quadra II
Quadra III
Quadra IV
Primeira semana do mês
Segunda semana do mês
Terceira semana do mês
Quarta semana do mês
Domingo tardeComunidade Nossa Senhora de NazaréQuadra I
Quadra II
Quadra III
Quadra IV
Primeira semana do mês
Segunda semana do mês
Terceira semana do mês
Quarta semana do mês
Domingo noiteComunidade Nossa Senhora de FátimaQuadra I
Quadra II
Quadra III
Quadra IV
Primeira semana do mês
Segunda semana do mês
Terceira semana do mês
Quarta semana do mês


Estrutura da paróquia


2. A espiritualidade da semente


Na semente está a essência da vida, o dinamismo que faz brotar, crescer, florir e frutificar. Em toda semente a vida está latente, porque tem em si uma força potencial de crescimento e de identidade. Essa força é o impulso a partir do qual desperta o processo de desenvolvimento da vida. Talvez por isso, o Reino de Deus é comparado a uma semente, porque é capaz de desabrochar em cada um de nós e no entorno (comunidades, cidade...) até atingir a sua plena maturação — o fruto.


O sonho de Jesus de assentar todos à mesa do Reino supõe, em nossa paróquia, assentar todos à mesa da comunidade para saborear o fruto da semente.


Para nós, a espiritualidade da semente traduz o processo de crescimento pessoal e comunitário, feito ao redor da mesa (comunidade), iluminado pela Palavra (evangelho) e cultivado segundo o espírito dos tempos litúrgicos.


Os tempos litúrgicos são assim compreendidos: do Advento à Páscoa é o tempo adequado para a formação e o Tempo Comum é a etapa propícia para a vivência. Claro que formação e vivência se entrelaçam permanentemente no cotidiano da nossa caminhada. Fazemos essa separação para que dediquemos uma atenção especial a cada uma dessas dimensões (formação e vivência) em um determinado momento da caminhada.



2.1. Tempo de formação


Advento

No Advento a vida germina. A cor rosa anuncia a alegria da promessa que vai se cumprir. Anuncia–se a vinda do Messias e do Reino de Deus. É o tempo do plantio da semente do Reino em nossa vida. Advento é o caminho da esperança.


Vivemos o Advento ao longo de quatro domingos, cujos evangelhos sugerem temas que são refletidos no decorrer da semana.


Tempo do AdventoTemática
I DomingoJustiça, uma semente essencial
II DomingoCoração, terra do plantio
III DomingoÁgua que rega e fecunda
IV DomingoLuz que aquece e faz germinar



Natal

No Natal a vida desabrocha. A cor amarela simboliza a chegada do novo Rei e do novo Reino. Nasce o Messias. A semente desabrocha e a vida brota. Natal é o caminho coberto de vida.


O tempo de Natal compreende quatro domingos que têm, conforme seus respectivos evangelhos, os seguintes temas:


Tempo do NatalEvangelhoTemática
I DomingoNascimento, o Verbo se fez carneNatal de Jesus
II DomingoFamília, ninho de amorSagrada Família
III DomingoApresentação do meninoEpifania
IV DomingoBatismo, nova vidaBatismo de Jesus



Quaresma

Na Quaresma a vida é ameaçada. A cor roxa significa as tentações, os desafios e os obstáculos que encontramos na vida. A Quaresma convoca–nos a podar as forças do mal que impedem o crescimento da vida. Todo tempo litúrgico é propenso à mudança de vida. Todavia, a Quaresma é o caminho de um cultivo mais atento para a conversão.


Na Quaresma os nossos passos se estendem por cinco domingos, que versam sobre estes temas:


Tempo da QuaresmaEvangelhoTemática
I DomingoTentações de JesusContra si — o ter (egoísmo)
Contra o outro — o poder (exploração)
Contra Deus — o prazer (Deus ao meu serviço)
II DomingoTransfiguração de JesusRosto desfigurado e rosto transfigurado
III DomingoA samaritanaLavar o rosto na fonte da água viva
IV DomingoO cego de nascençaUm novo olhar para a vida
V DomingoLázaroRenascer para a vida



Páscoa

Na Páscoa a vida é resgatada. A cor branca simboliza a paz e a vitória, porque na Páscoa a vida latente da semente resplandece. É tempo de celebrar os sinais de vida que se manifestam ao nosso redor. Páscoa é o caminho da libertação.


Na Páscoa percorremos uma trilha de cinco domingos, cujos temas são baseados nos evangelhos do dia.


Tempo da PáscoaEvangelhoTemática
I DomingoMaria MadalenaAcreditar e tomar a iniciativa
II DomingoToméEncarar a realidade
III DomingoDiscípulos de EmaúsFazer o caminho
IV DomingoO bom pastorO guia do caminho
V DomingoComunidade, lugar para todosVárias moradas na casa do Pai



Tempo comum

No Tempo Comum a vida acontece. A cor verde significa vida. Há que preservar a vida no nosso cotidiano. É tempo de fazer a vida acontecer e fluir para se viver intensamente.


No Tempo Comum cada mês é sinalizado por um tema geral, o qual é escolhido a partir das ideias centrais do evangelho de cada domingo.


Mês de Junho
CONSCIÊNCIA DE SER IGREJA
SemanaTemática
I DomingoIgreja acolhedora
II DomingoIgreja que defende a vida
III DomingoIgreja do perdão e da misericórdia
IV DomingoIgreja da comunhão e participação



Mês de Julho
O CHAMADO
SemanaTemática
I DomingoQuem chama?
II DomingoPara que chama?
III DomingoPor que me chama?
IV DomingoDesafios do chamado



Mês de Agosto
A RESPOSTA
SemanaTemática
I DomingoPor interesse
II DomingoNegativa
III DomingoPositiva
IV DomingoComprometida



Mês de Setembro
FORMAÇÃO
SemanaTemática
I DomingoHumildade e simplicidade
II DomingoPrioridade da missão
III DomingoAcolhimento e perdão
IV DomingoCoerência



Mês de Outubro
MISSÃO
SemanaTemática
I DomingoCuidar de si
II DomingoFamília
III DomingoComunidade
IV DomingoSociedade



Mês de Novembro
OS FRUTOS DA MISSÃO
SemanaTemática
I DomingoBem-aventuranças
II DomingoTodos ressuscitarão
III DomingoCriatura humana, templo de Deus
IV DomingoRei do Universo



Enfim, é sob o horizonte da Paróquia Rede de Comunidades e a inspiração da mística da mesa e da espiritualidade da semente que caminhamos e seguimos adiante na difícil arte de planejar e de concretizar um jeito vivo de ser igreja.


No Primeiro Domingo do Advento é entregue a cada comunidade, quadra, grupo, pastoral, ministério e serviço, e também a cada pessoa, uma semente. Nessa semente cada um coloca um projeto de vida que é cultivado à luz do evangelho proclamado em cada domingo e amadurecido ao longo da semana nos grupos de rua. Esse percurso culmina na Festa de Cristo Rei. Nessa festa são entregues e partilhados os frutos de todas as sementes. É uma festa repleta de alegria, mas também de compromisso, porque dos frutos surgem novas sementes que nos estimulam a seguir adiante neste caminhar ininterrupto.


Acreditamos que com esse modo próprio de caminhar, que exige de nós um amadurecimento e um engajamento contínuos, e com as diretrizes do Plano Pastoral da nossa Arquidiocese, somos uma igreja viva neste recanto da Arquidiocese de Natal.


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